sexta-feira, 27 de março de 2015

MITOS SOBRE A IDA AO PSICÓLOGO

A procura de apoio psicológico consiste, por vezes, num pedido de ajuda. A este pedido é geralmente dada toda a importância. Entende-se, que não são raras as vezes, em que este aparece como um grito de socorro e num contexto de vergonha e de medo. Este pedido de ajuda ocorre quando alguém não se sente bem, tem dificuldades em entender-se a si mesmo e isso causa-lhe transtorno. Todos nós, em algum momento da nossa vida, nos questionámos sobre o porquê de termos feito aquilo ou sentido daquela maneira. Mas por vezes esta dúvida persiste e parece não ter resposta, parece que nos deixa uma angústia com a qual não sabemos lidar.

Ao psicólogo cabe o papel de ouvir, de compreender, e acompanhar o seu paciente na percepcão de si mesmo, nesta transformação e construção. Salienta-se que este acompanhamento não consiste em dar as respostas, em dizer se fez bem ou mal, mas antes em orientar o pensamento da pessoa, ajudá-la a responder-se a si mesma. E aqui surge por vezes a questão se o psicólogo dá respostas. Não!

Na psicologia não se pretende que o terapeuta assuma a responsabilidade dos atos e pensamentos do outro, mas antes que este ajude os seus pacientes a refletirem e autodescobrirem-se. O psicólogo procura que o paciente em terapia se oiça a si mesmo, oiça aquilo que diz e que às vezes parece que não diz, e que desta forma encontre as suas respostas. Fazendo uma comparação: se uma criança em idade escolar perguntar como se lê uma palavra e lhe responderem que é assim, ela apenas saberá a palavra naquele sítio e não a entenderá. Desta forma, se voltar a aparecer a palavra ela não a saberá ler e terá de procurar ajuda novamente, também não reconhecerá as letras e por isso se as vir noutras palavras não terá autonomia para tentar saber, e ainda, caso lhe tenham dado mal a resposta a responsabilidade será de quem lhe disse e não dela.

Segundo Maria Rita Leal "o profissional de psicologia deseja ajudar alguém a encontrar o caminho para promover dentro de si mesmo o seu potencial humano (...) assume o compromisso de acompanhar pessoas na difícil busca de liberdade e de realidades interiores...". Assim, o processo terapêutico consiste num processo de crescimento interno do paciente em psicoterapia. Este é um processo gradual e que para cada pessoa tem o seu ritmo.

Neste processo de crescimento também é necessária uma adaptação, pois a forma como um adulto fala é diferente da forma como a criança comunica. Para a criança nem sempre é fácil traduzir por palavras aquilo que sente e, por isso, o terapeuta recorre também à linguagem da criança: os brinquedos. O psicólogo, através de brinquedos específicos acede ao mundo da criança, comunica com ela ajudando-a a compreender-se a si mesma através de situações que lhe são familiares e as quais ela traz para este contexto.

A ida ao psicólogo, bem como a exposição dos problemas pessoais ao mesmo, não deve ser temida. Por vezes as questões sentidas parecem “ridículas” para o próprio, mas estas podem ser as mesmas de outras pessoas e a ajuda de um técnico especializado é seguramente essencial no desenvolvimento pessoal, ao nível do auto-conceito e do bem-estar.


Margarida Garcia
Psicóloga clínica

Cédula profissional n°11533

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