Era
uma vez…
Para
a criança o mundo nasce da sua interação com o mesmo. Ou seja, o mundo é visto
através da sua envolvência. Numa fase inicial, o mundo da criança gira apenas
em torno da sua mãe, e posteriormente vão surgindo todos os outros elementos.
O
mundo simbólico, ou seja, a capacidade de compreender o mundo através de
elementos representativos, surge aproximadamente entre os dois e os três anos,
altura em que a criança começa a “construir” brincadeiras. Anteriormente, as
pessoas e objectos apenas existiam quando a criança estava em contacto com as
mesmas, apenas quando as ouvia, cheirava, saboreava ou tocava. Com esta
aquisição, nasce também o mundo da fantasia, a capacidade de imaginar e de
experienciar situações, sem que esteja em contacto directo com as mesmas.
É
também através deste mundo imaginário que a criança vai criando, que ela vai
elaborando as suas necessidades conscientes e inconscientes. Desta forma,
tornam-se tão importantes os espaços lúdicos, espaços onde a criança possa
representar o seu mundo. E é também nesta representação que a mesma o vai
conhecendo.
Nesta
altura, destacam-se de grande relevância os contos infantis, sendo que a
criança adquire uma melhor compreensão do mundo através da fantasia. Através
das histórias a criança tem a possibilidade de se identificar com os
personagens e também com os problemas das mesmas, sem estar próxima deles, de
forma inconsciente. As histórias permitem que a criança tenha contacto com
situações, que de uma forma indireta, são em tudo semelhantes às do quotidiano.
E é nesta experiência, em que surgem os lobos maus, as bruxas, os meninos que
se perdem dos pais, que a criança tem contacto com angústias do seu dia-a-dia,
tendo a possibilidade, nas histórias, de se sentir tranquila ao contactar com
os finais felizes. Afinal, todas as crianças têm contacto com situações que as
assustam, que lhes metem medo. Neste contacto indireto, poderá surgir a
possibilidade de a criança se identificar com personagens com 'personalidades'
diferentes da sua e também situações angustiantes que se possam assemelhar a
situações que lhe sejam próximas, com a vantagem de que nos contos há um final
feliz.
Este
final feliz não surge como a imagem de que tudo corre sempre bem, mas antes com
o objectivo de transmitir alguma tranquilidade, por exemplo: na historia do
Hansel e Gretel, os irmãos perdem-se na floresta, o que pode remeter para a
situação da criança que se está a tornar autónoma e independente e tem medo de
ficar só, abandonada. No fim estes encontram o pai, que os abraça, e este final
feliz surge com uma mensagem de segurança, como se os pais estivessem sempre
lá. Para a criança, é de extrema importância sentir que tem uma base, um apoio
forte e seguro dentro dela, que lhe permite avançar para explorar o mundo. E é
neste sentido que surgem os finais felizes.
Simultaneamente,
os contos infantis dão tranquilidade à criança que imagina sobre eles. Os
contos infantis são também uma forma de permitir que a criança sonhe, e por
isso podem ser utilizados como forma de tranquilizar a criança antes de dormir.
Margarida Garcia
Psicóloga Clínica
Cédula profissional n°11533
E-mail:margarida.oliveira.garcia@gmail.com
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