Crianças, pais e
cama própria é um assunto tantas vezes abordado, mas sempre com questões
intermináveis para os pais. Há mesmo quem afirme que os seus filhos não são
capazes de dormir / adormecer sozinhos “eu sei que outros conseguem, mas o(a)
meu (minha) não dá… já tentei e não funciona.”.
Todas as
crianças conseguem adormecer sozinhas! Precisam de treino, de ser ensinadas –
uma demoram mais tempo; outras demoram menos, mas todas são capazes. Muitas das
vezes a dificuldade está nos pais. É aos pais a quem mais custa deixar os seus
filhos sozinhos no quarto até adormecerem ou mesmo a dormir sozinhos. Quer por
pensarem que os filhos podem não estar bem, sem companhia; quer por os próprios
pais (entenda-se os dois ou só a mãe ou só o pai) não quererem estar sem a
companhia da criança.
A questão
principal deve centrar-se em “é importante a criança ter o seu próprio quarto /
cama para dormir?"; “é importante a criança adormecer sozinha ou posso
fazer-lhe companhia até adormecer?”.
As respostas: As
crianças devem ter o seu próprio quarto, cama própria e adormecer sozinhas. É
importante e saudável que assim seja. Naturalmente que poderão reclamar a
presença dos pais; reagir por não quererem estar sozinhas; chorar, chamar… Os
pais devem ir, apoiar, mostrar que estão presentes e atentos, mas voltar a sair
até que a criança consiga adaptar-se ao seu quarto e ao facto de adormecer sem
companhia. Os pais devem “aguentar” este choro / chamamento / reclamação sem
cederem a passa-los para a cama dos pais ou a ficarem junto da criança até que
esta adormeça.
O “contacto” com
os seus medos, com o desconforto que poderá provocar a noite e o estar sozinha,
proporciona à criança a possibilidade de poder confrontar-se com isso mesmo,
aprendendo a geri-los interiormente e ultrapassá-los. Esta conquista favorece a
sua autonomia emocional, o que é de extrema relevância no desenvolvimento
emocional infantil. Isto proporciona à criança perceber que é capaz; que
consegue transpor barreiras (neste caso as do medo, por exemplo) e a sentir-se
segura, sem precisar para tal da presença constante do adulto. Isto é, neste
confronto entre os seus receios, o estar sozinha num espaço e perceber que a
presença do adulto é uma certeza – ainda que sem contacto visual – a criança
cresce de forma mais autónoma e, portanto, necessariamente mais saudável. Este
poderá ser entendido como um dos caminhos pelo qual os pais dão aos seus filhos
ferramentas para se alicerçarem numa confiança e segurança evolutivas que vem
de dentro, ao invés de crescerem a pensar que precisam sempre de um apoio; de
uma bengala exterior (os pais, por exemplo), tal como acontecia quando
nasceram.
Alexandra Silva Nunes
Psicóloga /
Psicoterapeuta
Cédula Profissional nº
3347
PSICOLOGIA 4 A L L
Amora
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